Thursday 5 June 2008

Prefácio à trimembração social - utopismo e realidade

As tarefas sociais contemporâneas são tais que não podem ser resolvidas se são enfrentadas com utopismos. A crença que algum programa prescrito e fixo possa resolver os problems sociais da actualidade não avança a sua resoulção. È possível falar muito sobre como alguma estratégia seria tão adequada em satisfazer a humanidade, mas essa conversa tende de perder de vista a praticabilidade, perdendo a relação com a realidade.

Mesmo acreditando que alguêm esteja na posse de uma solução completa para os problemas sociais, seria muito imprático acreditar que basta convençer as pessoas certas para implementar a “soulção”. Nos tempos que correm não é possível intervir na sociedade deste modo. A disposição humana não é tal que se diria “está ali alguêm que sabe como as coisas devem ser feitas. Vamos seguir os seus concelhos e fazer tudo como ele diz.”

Este livro conta com esta relaidade. Aqueles que julgam que este texto tem um carácter utópico estão enganados, pois vêm nos outros as rotinas do seu próprio pensamento. Muitas pessoas com pensamento prático acreditam ainda que devem abordar outras pessoas com ideias utópicas, principalmente na área económica. Estas pessoas precisam de se convencer que a sua audiência não pode dar utilidade alguma às suas ideias utópicas.

Isto deve ser tratado como uma evidência. Pois indica um facto importante da vida pública contemporânea. Trata-se do facto de que ideias alienadas das necessidades práticas não podem contribuir para resolver situações problemáticas reais.

Este ponto de vista não pode ser muito popular, pois exige que se admita ou reconheca que se reflecte sobre os problemas reais da vida de uma forma pouco prática e alienada das necessidades reais. No entanto, este reconhecimento é importante, para que a aproximação realista às questões sociais seja possível.

Esta reflexão põe em questão a vida cultural e espiritual actual. A humanidade moderna desenvolveu uma vida cultural dependente de instituições estatais e de forças económicas. O Homem já em criança é integrado no ensino e na educação estatal. Por isso só pode ser educado consoante as condições económicas a que está exposto. Pode se acreditar que isto torne o ser humana bem adaptado às condições de vida em que se encontra, pois o estado tem a possibilidade de formar instuituições de educação que educem o ser humano de modo a que este possa servir da melhor maneira à sociedade. E também se pode acreditar facilmente que o ser humano se torna mais útil se for educado consoante as necessidades do sistema económico. No entanto, este texto tem que mostrar que a confusão que existe na vida pública e cultural actual resulta da dependência da esfera cultural do estado e da economia.

Deste modo este texto vira se contra enganos amplamente aceites. A regulação da educação pelo estado é vista há mutio tempo como algo positivo para a sociedade e pensadores socialistas não conseguem imaginar nada melhor do que o estado educar as pessoas de modo a que estas sirvam melhor os interesses do colectivo.

Não é fácil chegar à conclusão de que o que foi bom para a humanidade num certo tempo histórico possa deixar de o ser mais tarde. Para a evolução humana foi importante que a educação tenha sido subtraida das instituições que a administravam na época medieval para a integrar nas funções do estado. Mas a manutenção desta situação na actualidade é um erro.

Steiner, 1919
Traduzido do prefácio de "Die Kernpunkte der Sozialen Frage"

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