Eu na terra fui nascido
E eu na terra fui criado,
A terra me há-de comer
Depois de ser sepultado.
A terra é a minha mãe,
Não no posso duvidar,
E para esta me criar
Tudo da terra me vem,
Eu à terra quero bem,
A terra bem me tem querido,
Eu na terra tenho vivido
E na terra é que hei-de ter fim,
Sei que a terra que é assim,
Eu na terra fui nascido.
Eu na terra é que semeio
De todo o meu alimento,
Da terra tiro o sustento
E eu na terra é que passeio;
Da própria terra me veio
Agua p'ra ser baptizado,
A mesma terra me tem dado
Tudo quanto me é preciso,
Tenho pena, se a terra piso
E eu na terra fui criado.
Deus à terra me mandou
Com o uso da razão,
A terra me deu o pão
E o pão é que me criou;
Ao dispor da terra estou,
visto na terra viver;
A terra me há-de valer
Enquanto nela for vivendo
E, depois, quando morrendo,
A terra me há-de comer.
O corpo da criatura
É só terra e nada mais,
Os nossos restos mortais
Estão sujeitos à sepultura;
Isto é a verdade pura.
Tudo na terra é criado,
Depois torna ao mesmo estado,
Visto na terra viver,
E a terra me há-de comer
Depois de ser sepultado.
Manuel da Silva Varojota, sítio dos Funchais, f. de Querença, c. de Loulé. Colector: Manuel Viegas Guerreiro
This poem was stolen from the site: http://www.folclore-online.com/index.html
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