Wednesday, 21 March 2007

Eu na terra fui nascido

The following popular poem is about recognizing that everything we need for life comes from the Earth and that we ourselves are made of earth and will return to it.

Eu na terra fui nascido
E eu na terra fui criado,
A terra me há-de comer
Depois de ser sepultado.

A terra é a minha mãe,
Não no posso duvidar,
E para esta me criar
Tudo da terra me vem,
Eu à terra quero bem,
A terra bem me tem querido,
Eu na terra tenho vivido
E na terra é que hei-de ter fim,
Sei que a terra que é assim,
Eu na terra fui nascido.

Eu na terra é que semeio
De todo o meu alimento,
Da terra tiro o sustento
E eu na terra é que passeio;
Da própria terra me veio
Agua p'ra ser baptizado,
A mesma terra me tem dado
Tudo quanto me é preciso,
Tenho pena, se a terra piso
E eu na terra fui criado.

Deus à terra me mandou
Com o uso da razão,
A terra me deu o pão
E o pão é que me criou;
Ao dispor da terra estou,
visto na terra viver;
A terra me há-de valer
Enquanto nela for vivendo
E, depois, quando morrendo,
A terra me há-de comer.

O corpo da criatura
É só terra e nada mais,
Os nossos restos mortais
Estão sujeitos à sepultura;
Isto é a verdade pura.
Tudo na terra é criado,
Depois torna ao mesmo estado,
Visto na terra viver,
E a terra me há-de comer
Depois de ser sepultado.

Manuel da Silva Varojota, sítio dos Funchais, f. de Querença, c. de Loulé. Colector: Manuel Viegas Guerreiro

This poem was stolen from the site: http://www.folclore-online.com/index.html

No comments: