Thursday, 12 April 2007

Factos feitos pela fe

Warning: this is slightly agressive, if you are too sensible keep apart.

“A ciência não presta” diria o avô Mário.

Então não é que passa de um artigo cientifíco para outro que a “população agrícola existia em numero excessivo” em Portugal aquando da sua intergração Europeia… Sem referência ao porque do “excessivo”. Qual é a lógica que faz com que seja “demais”?

Vejam esta citação:
“It seems obvious that, to break the vicious circle which kept the majority of the population tied to the soil at very low subsistence levels (and hindered economic growth), some sort of shock was needed, either of the “pull” or of the “push” variety, This means that the population had either to be lured out of archaic agriculture by urban industry and commerce, or propelled out of agriculture by deteriorating living conditions.” (Tortella, 1994).

É absolutamente incrível como a orientação ideológica “informa” o conhecimento científico, as opiniões e factos comumente aceites. É vergonhoso!

O que é vergonhoso?
O facto que cientistas, investigadores, políticos continuam a fazer transparecer para a opinião pública que têm “factos”, “verdades”, quando, muitas vezes, na verdade têm...
... opiniões?

E assim ganham a opinião pública para a ideia de que a gestão por quem percebe é a melhor maneira de encarar os problemas da sociedade. Isto é perigoso. Poe em causa a democracia, na medida em que esvazia o sentido da participação pública de um público que é feito acreditar que não sabe ou que haja quem saiba melhor...

Pior, os académicos, consultores, senhores doutores, e decisores políticos (desculpo-me a agressividade), eles próprios crêem (pelo menos em parte) que a gestão top-down é o que esta a dar, é a única maneira de as coisas funcionarem. Claro está que mudar de opinão poria os numa situação muito vulnerável.

O que de infernal pode ser feito para expôr a superficialidade perigosa dos factos assumidos? Dizer: “isto aqui, meu caro, não está baseado na realidade”, “pode, se faz favor, explicar os seus argumentos ou então alterar a sua opinião?” Mas quem revê artigos científicos antes de serem publicados? Académicos também com interesse em manter a sua própria existência e validade e que não se querem entregar a vulnerabilidade de questionar a sua mundividência.

E o mundo da ciência é tão pequeno em cada área afinal, que desafiar quem se pode ver na próxima conferência ou quem possa vir a corrigir os nossos artigos é quase perigoso para a própria carreira.

Numa linha de investigacao que eu ca sei parece ter se formado um complot: nos apoiamos nos uns aos outros e encobrimos e não admitimos perante terceiros que o nosso trabalho não tem sentido nenhum. Tem os seus proprios jornais, revistos por eles proprios e conseguem drenar amplos fundos para eles.

Isto aqui poderia ir para o blog do nosso amigo “o contestatário”, não?...

"Positivism is dead. By now it has gone off and is beginning to smell." (Byrne, 1998)

"The positivist 'standard view' of science has been comprehensively demolished, although its ghostly presence lingers on in the views and practices of many quantitatively inclined researchers" (Robson, 2002).

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