Saturday, 24 February 2007

O que é a trimembração do organismo social?

Texto traduzido, com cordial autorização, de URL: http://www.threefolding.freeuk.com/intro.htm

Mesmo uma análise superficial das sociedades a nível global revela que todas elas têm três funções ou esferas de actividade à volta da qual todas as outras actividades estão organizadas, são estas:
1. A esfera cultural;
2. A esfera de direito;
3. A esfera económica

Estas três esferas são mutuamente interdependentes e, antes de tomarmos consciência das suas diferenças funcionais, elas estão interligadas de uma forma que frequentemente torna a sociedade insalubre.

A esfera cultural refer-se ao que entra a sociedade humana graças ao exercício da actividade espiritual humana, como o pensamento, o juízo moral e a creatividade. Aqui incluimos as artes, investigação científica, religião, educação, invenção e empreendedorismo.

A esfera de direito concerne o reconhecimento de direitos fundamentais que gerem as interacções entre todos os seres humanos. Esta esfera engloba a acção legislativa, governação e representação de pessoas, e coincide com a vida política na sua forma mais pura.

A esfera económica refere-se à transofrmação dos produtos da natureza em produtos adequados ao uso humano.Tudo desde a aquisição dos produtos da natureza (por ex. Extração mineira e caça) a agricultura, manufactura e comércio e o uso final (consumo) fazem parte desta esfera.

Cada uma destas esferas possui um Leitmotif ou ideal:
Na esfera cultural – liberdade;
Na esfera de direito – igualdade;
Na esfera económica – fraternidade.

Nesta tripartição functional das três esferas está todo o motivo pela trimembração do organismo social. Se o ideal de uma esfera é mal aplicado a outras esferas, resulta num organismo social insalubre. Três, de muitos exemplos, irão ilustrar isto adequadamente. Se a esfera de direito, de governância, determina o curriculo escolar, a liberdade de educação é comprometida. Se liberdade é assegurada na esfera económica, devido à natureza da actividade económica, os actos menos cuidados são perpetuados, geralmente contra os membros mais fracos da sociedade. E, para dar um exemplo mais extremo mas não impensável, muito da capacidade de uma sociedade de criar riqueza seria comprometido se os meios de produção económica fossem distribuidos igualmente entre todos os membros da sociedade, em vez de os atribuir a quem sabe dar o melhor uso a estes.

Em adição às três diferenças funcionais fundamentais do organismo social, um todo complexo de interrelações existe, tal como no ser humano as actividades de pensar, sentir e querer estão interdependentes[1]. A esfera económica, que é hoje em dia crescentemente global, necessita de governação. O processo de fazer leis requer o excercício de juizo moral. De facto, os ideais incorporados nas leis resultam de intuições morais, a actividade espiritual livre dos indivíduos. A vida cultural não consegue sobreviver sem as ofertas dadas a esta, que têm origem na riqueza criada pela vida económica. Apenas temos de pensar na educação, nas instituições de investigação científica ou em igrejas. A liberdade na educação e a liberdade religiosa não podem florir enquanto não estiverem legalmente asseguradas. A criação de riqueza depende de inputs da actividade espiritual, criativa de indivíduos, tal como inventores e empreendedores. Muitas outras interrelações poderiam ser acrescentadas, que em conjunto ou separadamente, não comprometem a diferenciação funcional das três esferas sociais.

Este pequeno texto serve apenas como introdução à trimembração do organismo social. As ideias apresentadas aqui não são elas próprias novas entre certos pensadores sobre a sociedade. De facto o lema “Liberdade, igualdade e fraternidade” é facilmente reconhecível como aqueles valores que inspiraram a Revolução Francesa. E existe mais do que uma dica sobre o reconhecimento das diferentes esferas sociais na estoria de Goethe “A serpente verde e a bela lilia”, em que ele retrata o “rei confuso” como fraco.

Para um tratamento mais detalhado sobre a trimembração social, por favor, consulte os artigos e livros do website http://www.threefolding.freeuk.com/intro.htm, do qual o presente texto é uma tradução e, sobretudo, o livro Towards Social Renewal de Rudolf Steiner (Rudolf Steiner Press, London.1977).

[1] Para um retrato da tripartição do ser humano veja “The case for Anthroposophy” de Owen Barfield, Rudolf Steiner Press, 1970, que contém uma parte de uma tradução de “Von Seelenraetseln” de Rudolf Steiner (1917, GA21).

Friday, 23 February 2007

Marginality

The concept of marginalization refers to the exclusion of individuals or communities from partaking in the hegemonic means of social reproduction. There could be a positive aspect in it, namely the maintenance of alternative forms of social reproduction, the maintenance of cultural diversity. However, marginalization means undermining the livelihoods of those being marginalized, making them willing to give up their way of life and to serve the hegemonic system. Marginalization is a process of producing colonies. The marginalized easily fall into the trap of serving the very system that explores them. But they can also struggle to maintain their livelihoods apart from the hegemonic system, but for this to happen they have to understand the threat they are facing and to be capable to confront the powerful “opressors” (Paulo Freire). Frequently they face violent reactions desencadeadas by the elites.

Regarding agricultural and rural marginalization, the term refers to the processes that make agriculture and rural communities non-viable, because of economic, ecological and/or social constraints.

In Portugal marginal rural communities still inspire. Especially because they are the places where fulfilled lives can be observed. The combination of both, necessary and creative work are the basis for a fulfilled life, Mies (1999) says. And, in subsistence agriculture this combination is paramount: artful subsistence work in the natural environment, inside a social network. This allows for the concomitant fulfilment of most human needs, I believe.

Marginal areas in rural Portugal also inspire because so much can be done there. There are plenty of opportunities for meaningful engagement! Giving someone a lift to the next town is already a significant contribution to improve their well-being. For helping an elderly couple to carry a box of vegetables from the garden to the house, I have been rewarded with a kiss on the hand. Despite of monetary poverty, there is no paranoid fear of scarcity; life is connected to the enjoyment of nature’s plenty.